"Admiro os poetas. O que eles dizem com duas palavras a gente tem que exprimir com milhares de tijolos." Vilanova Artigas
BiografiaJoão Batista Vilanova Artigas foi um arquiteto brasileiro de grande importância. Nasceu em Curitiba-PR, em junho de 1915.
Artigas expressou as primeiras manifestações modernistas na arquitetura de Curitiba, deixando significativas obras na capital paranaense, porém seu nome é fortemente associado à Escola Paulista, movimento arquitetônico em São Paulo, onde é considerado o principal nome da história da arquitetura. Vilanova Artigas é reconhecido tanto por suas obras, quanto pela grande influência em relação a formação de uma geração de arquitetos.
Em Curitiba, suas obras iniciaram nos anos de 1940, com grande influência de Frank Lloyd Wright. Posteriormente, assumiu a influência de Le Corbusier, que se percebe claramente na residência de João Luiz Bettega, localizada na Rua da Paz, que hoje é denominada Casa Vilanova Artigas. Esta casa polemizou a gerou muitas criticas e discussões na população, mas representa grande expressão para a arquitetura brasileira.
Graduou-se engenheiro-arquiteto na Escola Politécnica da USP, apresentando em sua formação estreita ligação e convivência com os artistas populares de São Paulo do grupo Santa Helena.
Juntamente com a atividade de arquiteto, Vilanova Artigas dedicou grande parte de sua vida ao magistério. Iniciou na Escola Politécnica de São Paulo, e mais tarde, no curso de Arquitetura da USP. Com a implantação do curso de arquitetura na UFPR, em 1962, Artigas recusou o convite para integrar o corpo docente da universidade. Porém, a partir disto, iniciou uma série de palestras, que gerou grande influencia para a geração de alunos de arquitetura.
Artigas elaborou quase 700 projetos em sua carreira, que teve também reconhecimento internacional, a partir de seu contato com os profissionais de outros países.
Segundo a União Internacional dos Arquitetos, Vilanova Artigas é o arquiteto mais premiado do Brasil.
Faleceu em São Paulo, em 12 de janeiro de 1985, e mesmo após seu falecimento, continuou sendo um dos mais respeitados entre os arquitetos brasileiros.
Contexto Histórico/PolitícoEm 1952, Vilanova Artigas publica o polêmico “Caminhos da arquitetura moderna”, em que contesta de forma dura e agressiva, os dois maiores expoentes da arquitetura moderna: F. L. Wright e Le Corbusier. O autor afirma que o seu objetivo é demonstrar que a obra dos arquitetos exprime ideologicamente o pensamento da classe dominante.
Um ano antes, Artigas já havia deferido ataques a Le Corbusier, criticando a sua pretensa posição de intelectual livre a apolítico, que inventou o “modular”, acreditando que pudesse superar os dois sistemas de medidas existentes, e assim, unificar e incrementar a produção.
Vilanova Artigas ingressa no Partido Comunista em 1945, onde começa a desenvolver uma intensa atividade política, paralelamente às atividades de escritório. A partir de 1949, integra o conselho de redação da revista Fundamentos, periódico dominado por intelectuais ligados ao PC. O alvo da crítica do arquiteto é a crença moderna de que a arquitetura pode oferecer soluções para o antagonismo de classes, sem comprometer-se com a realidade embaraçosa das paixões políticas.
O ataque aos dois maiores protagonistas da arquitetura moderna mundial, mesmo considerando a alta temperatura do ambiente político da época, requeria um dose significativa de ousadia e coragem, e pode ser encarado como uma espécie de ajuste de contas, à luz dos debates suscitados pela convivência no Partido Comunista, que recolocam a questão da função social do arquiteto. Tal empenho reflexivo, agora devidamente relativizado pela descrição das circunstâncias históricas envolvidas, é o que em larga medida o salva do mero discurso sectário, intempestivamente deflagrado no calor das discussões.
Arquitetura como forma crítica da realidade parece ser o fundamento do projeto de Artigas. O materialismo histórico é a base teórica para operar essa leitura crítica do mundo, questionar as premissas ideológicas do movimento moderno, desconfiar da crença otimista na construção do novo ambiente do homem exclusivamente pela exemplaridade da forma estética. Se a arquitetura moderna aspira a uma real participação no processo de construção social da realidade, ela necessita assumir com consciência um sentido político. Caso contrário, corre o risco de ser cooptada por aqueles contra os quais justamente investe. Pela primeira vez no contexto de nossa modernidade arquitetônica, um arquiteto local reivindica a urgência do compromisso necessário entre Arte e Política.
Cronologia de suas principais obras:
Em São Paulo:
1946 - Edifício Louveira, no bairro de Higienópolis
1960 - Estádio do Morumbi
1961 - Garagem de barcos do Santa Paula Iate Club
1962 -1969 - Edifício-sede da FAU-USP, na Cidade Universitária da Universidade de São Paulo
1966 - "Casinha", no bairro de Campo Belo
Em Guarulhos:
1968 - 1972 - Conjunto habitacional Zezinho Magalhães Prado (popularmente conhecido como Parque CECAP)
Em Itanhaém:
1959 - Escola de Itanhaém
Em Londrina:
1950 - Estação Rodoviária
1950 - Casa da Criança
Em Curitiba:
Hospital São Lucas
Residência Bettega
Residência Niclevicz
Principais obras - São PauloEdifício LouveiraO Louveira é um edifício residencial multifamiliar localizado no bairro de Higienópolis na cidade de São Paulo. Foi projetado em 1946 por Vilanova Artigas em parceiria com o também arquiteto Carlos Cascaldi e é considerado um importante representante da arquitetura moderna naquela cidade. A obra caracteriza-se pela composição de duas lâminas paralelas, uma com sete e outra com seis andares e intermediadas por um pátio interno ajardinado. A implantação propiciou a integração visual do espaço público e privado, assimilando a praça Vilaboim, que está em frente, ao interior do edifício. Na virada do século XIX para o XX, o bairro de Higienópolis concentrava parte considerável dos palacetes da elite da cidade. Em meados dos anos 50, verifica-se um processo de demolição antigo tecido urbano e de sua substituição por prédios de alto padrão, em fenômeno no qual se insere a construção do Louveira. O edifício, assim como seus pares, serviu de influência para a arquitetura residencial vertical em outras partes da cidade.Tombado pelo Condephaat, o edifício é cuidadosamente preservado pelos moradores. Muitos são moradores desde a inauguração. Estádio Cícero Pompeu de Toledo (Estádio do Morumbi)
O projeto do estádio do Morumbi teve a criação do arquiteto Vilanova Artigas, e representa da arquitetura moderna, da "escola paulista".
Alguns números do gigantismo do Morumbi são impressionantes: para o desenvolvimento do projeto foram necessárias 370 pranchas de papel vegetal; cinco meses foram consumidos nas terraplanagens e escavações, com o movimento de 340 mil metros cúbicos de terra; um córrego foi canalizado; o volume de concreto utilizado é equivalente a construção de 83 edifícios de dez andares; os 280 mil sacos de cimento usados, se colocados lado a lado, cobririam a distância de São Paulo ao Rio de Janeiro; 50 mil toneladas de ferro, que daria para circundar a Terra duas vezes e meia.
Ao todo são 102.904 metros quadrados de área construída, sendo que a área reservada aos espectadores é de 62.450 metros quadrados.
O campo do Morumbi mede 108,25 metros de comprimento por 72,70 metros de largura. O estádio possui 15 cabines para rádio e TV; 81 pontos de vendas para bebidas e lanches; 105 guichês para venda de ingressos; 51 banheiros; centro médico com 5 ambulâncias de plantão.
É um dos poucos estádios do Brasil que possui um setor exclusivo para deficientes físicos. A área tem 470 metros quadrados, espaço para 92 cadeiras de rodas e 108 lugares destinados a portadores de outros tipos de deficiência. Os acompanhantes dos deficientes físicos também têm um local específico dentro do estádio, ao lado do setor especial. Principal obra - Paraná - LondrinaEstação RodoviáriaEssa estação é uma obra tombada pelo patrimônio histórico e é o Museu de Arte Moderna de Londrina. Foi a primeira estação rodoviária que se fez no Brasil.
O programa, relativamente simples inclui setores administrativos, guichê de venda de passagens, restaurante e serviços anexos, além de baias reservadas aos ônibus. Tudo se resolve num corpo único, mas diferenciado pelo desenho de cobertura que marca a separação das áreas de atendimento do setor de embarque e desembarque.São, na realidade, três corpos distintos interligados. Um, constituído por abobadilhas de concreto armado sustentadas por pilares que servem de abrigo à plataforma de desembarque dos passageiros e, dois outros, nos quais se situam os serviços e a administração. Esses blocos, contrastados, se harmonizam através da cobertura em laje inclinada que se liga em sua cota mais baixa ao conjunto de abobadilhas, cuja modulação oferece à composição massas bem equilibradas. Rampas e escadas interligam esses espaços. A fachada norte é vedada com brise-soleils horizontais; e a sul, com vidro. Os aspectos mais notáveis desse projeto estão no contraponto obtido pelo contraste entre as coberturas de concreto armado e na perfeita utilização do concreto e dos panos de vidro das fachadas trapezoidais, fatores que não só dão ao conjunto funcionalidade como, também, leveza plástica. A Praça Rocha Pombo, pelo seu traçado, pela harmonia entre as áreas gramadas, árvores, palmeiras, pinheiros, e o espelho-d’água circular, se integra de maneira expressiva à edificação, ambientando-a. Em 1993 foi restaurado e adaptado para utilização como centro de exposições de artes plásticas segundo projeto do arquiteto Antonio Carlos Zani. Principal obra - Paraná - Curitiba
Casa João Luiz Bettega
Construída somente em 1953, na Rua da Paz, a casa que Vilanova Artigas projetou para João Luiz Bettega polemizou e gerou críticas na população. Nela, todos os ambientes são voltados para a face noroeste, a que mais luz solar recebe em Curitiba.
A entrada da residência, lateral e quase no meio do lote, criou uma solução rara na Curitiba dos anos de 1950, assim como o quase esvaziamento da fachada, tornando-a semelhante à face lateral.
Outro ponto relevante na residência é o tratamento dado à dependência de empregados. Artigas projetou-a como um apartamento à parte, com entrada independente, mas integrado ao corpo da casa e aproveitando a mesma insolação destinada aos demais cômodos da residência. O destaque fica por conta da escada, em espiral, que encaminhava a esse quarto. Escada semelhante, de construção complexa e de grande valor estético, fora projetada por Artigas em outra residência em São Paulo. Nessa residência, no entanto, a escada localizava-se na área social; já na casa para a família Bettega a escada fazia parte do setor de serviço, nos fundos, dotando-o de uma importância não imaginada anteriormente.
Tecnologia
Vila Nova Artigas foi um arquiteto que buscou a construção do espaço urbano, de uma forma inovadora. Tentava adaptar seus projetos no terreno de uma forma que quebrasse a idéia do lote, movimentando a edificação de forma q ela não ficasse paralela as laterais do terreno como convencionalemnte se usa ainda.
Em seus projetos, buscava uma continuidade dos espaços internos, através da disposição dos ambientes que mantinham uma coorrelação entre si.
Sua marca registrada foi a utilização do concreto aparente em seus projetos, que tinha grande disponibilidade no país, ornando-se a nova metáfora de progresso tecnológico da arquitetura e da engenharia brasileira nos desenhos dos arquitetos paulistas.
O uso de tijolo aparente, iluminação natural, vigas e pilares não mais como somente elementos de função estrutural, mas adquirindo valor estética, dando a sua obra um caráter marcante.
“Artigas foi o grande ideólogo de uma arquitetura dita progressista, de forte tintura nacionalista e compartilhando o desenvolvimentismo da época”
Referências:
Vilanova Artigas: A Política da Formas Poéticas - João Masao Kamita
http://pt.wikipedia.org/wiki/Jo%C3%A3o_Batista_Vilanova_Artigas
http://www.arq.ufsc.br/arq5625/modulo3/arquitetos/vilanovaartigas_arquivos/frame.htm#slide0001.htm
http://arkitectos.blogspot.com/2007/06/vilanova-artigas.html
http://www.vitruvius.com.br/arquitextos/arq061/arq061_01.asp
http://biblioteca.universia.net/ficha.do?id=24988977
Equipe: Amanda G. Perin, Clarissa Anrain, Janine Fischer, Rosana C. Angioleti e Samantha Jandrey.
Conclusão da Disciplina. (Samantha Jandrey)
A disciplina de História é de fundamental importância para a formação acadêmica de nós, futuros arquitetos e urbanistas. Dessa forma, também é inevitável a comparação com os semestres anteriores. No meu ponto de vista, este semestre, pude perceber que o conteúdo ficou mais “palpável”, já que realizamos várias atividades como painel, abstração, e o blog, que teve nossa participação e integração o tempo todo.
No que diz respeito ao próprio conteúdo, a arquitetura brasileira, acompanhamos todos os períodos, desde a indígena (antes da colonização), depois o período colonial, e todas as suas influências, até a arquitetura modernista, dessa forma, entendemos por que o Brasil é um país tão rico, e de diferentes culturas, representada na sua arquitetura, através de formas, materiais, e tecnologia referente ao seu período histórico.
Conclusão da disciplina ( Clarissa Anrain)
A história da Arquitetura Brasileira nos dá a base para formarmos um conceito do que se passa atualmente e compreender o resultado de uma arquitetura influenciada pelos princípios europeus. Porém esta arquitetura pouco foi modificada e adaptada ao nosso habitat. Nesta época de Lina Bo Bardi, Lúcio Costa, Rino Levi que ela tomou características próprias, características essas brasileiras.
A disciplina veio a auxiliarmos a formarmos uma opinião do que foi todo esse movimento de aceitação e negação de nossas arquitetura e compreender suas origens.
As aulas por se apresentarem muito dinâmicas, incentiva a busca e a pesquisa dos “porquês”de nossa arquitetura.
Conclusão da disciplina ( Amanda Gabriela Perin)
Estudarmos a história da arquitetura brasileira, desde suas primeiras habitações, suas modificações (evoluções) ao longo do tempo, nos faz compreender o porque de nossa arquitetura ser tão "misturada" e rica como é hoje.
A disciplina nos trouxe um conhecimento mais aprofundado de todos os períodos da nossa arquitetura, desde o indígena, eclético, chegando ao modernista, este último foi um dos mais importantes, pois através dele novas tecnologias foram aplicadas na arquitetura brasileira como o concreto armado, o uso de pilotis, brises, entre outros.
A aulas foram muito interessantes e dinâmicas, pois, através do blog, painéis, abstrações, ouve uma maior interação entre os alunos, fazendo com que nos interessássemos em buscar entender melhor a nossa arquitetura hoje.
Conclusão da disciplina ( Janine Fischer)
Ao concluir esta disciplina é possível compreender o desenvolvimento da arquitetura no Brasil, que sempre refletiu o momento histórico que vivia. A situação econômica e social sempre influenciou as tendencias arquitetonicas, como o ciclo do ouro e arquitetura barroca e até mesmo a arquitetura indígena, que representava seu momento e seus ideais. Apesar de o Brasil sofrer a influencia de outros paises e importar muitas tecnologias, acredito que nossa arquitetura seja espontânea e verdadeira, compondo um conceito ínico a partir de tantas diferenças.
Foi desta maneira também que se desenvolveu nosso semestre de História da Arte e Arquitetura, em discussões espontaneas e exercícios variados, a partir de abstrações da arquitetura brasileira estudada. Dessa forma foi possível compreender nossa história de maneira simples e direta. Acredito que é desta maneira que se deve estudar, buscando compreender o passado para que se possa, hoje, interpretar nosso momento histórico e assim fundamentar nossa arquitetura.