Esse é um espaço da disciplina história V do curso de arquitetura e urbanismo da FURB, para apresentar e discutir a pesquisa sobre a arquitetura brasileira.
terça-feira, 8 de dezembro de 2009
CONCLUSÃO
No Brasil a arquitetura moderna teve sua primeira manifestação em 1922, em São Paulo, na Semana da Arte Moderna. De inicio foi muito criticada, mas seus representando souberam defender seu estilo e implanta-lo no país pensando principalmente em integra-la com as questões climáticas, trazendo ao Brasil uma identidade moderna conhecida por todo o mundo.
Pelas suas formas e seus materias utilizados, necessitava de tecnologias especializadas, tornando-a de alto custo.
Os edifícios eram pensados apenas esteticamente e não funcionalmente, tendo em suas fachadas linhas modernas, mais que não se relacionam com seu interior.
O modernismo pregou a volta da simplicidade e a pureza, que coincidiam com a tradição local. Um exemplo disso são as obras do arquiteto Lucio Costa, nelas ele explorava da horizontalidade, os vão enormes, as vidraças e as treliças.
Fomos influenciados pela cultura européia, e adaptamos as consições específicas do nosso país. Enquanto para alguns a arquitetura e o urbanismo constituem elements de alegria e conforto, para a grande maioria, apresenta-se como uma coisa distante.
É necessário estabelecer uma base social justa que garanta a efetivação do planejamento, assim impedirá soluções discriminatórias e a predominancia de interesses individuais. Assim a comunidade em um todo terá as mesmas possibilidades e os mesmos direitos. Com isso as cidades serão realmente modernas, serão cidades de homens livres e felizes, que não se olharam com superioridade ou inveja.
A arquitetura e o urbanismo não resolveram os problemas sociais, e sim, a sociedade que resolveu os problemas da arquitetura, tendo que se adaptar a cada mudança.
A arquitetura moderna brasileira é conhecida e elogiada mundialmente, mas nela existem inúmeras deficiencias e dificuldades, uma delas é ser vista como propaganda, como, vendas em condomínios e hotéis em praias desertas.
Os jovens arquitetos arquitetos têm a tendencia de aceitar as formas da arquitetura moderna tais como se apresentam. Organizan-se de forma oposta ao povo. Muitos de nós procuramos um estilo próprio, novas técnicas e novas formas que diferenciem em meio aos outros, pensamos em uma arquitetura individual.
Sofremos consequencias do atraso da economia, pouca pesquisa e uso de materiais e recursos contrutivos. A democratização da arquitetura seria a unica solução de seus problemas. Ela somente ocorrerá quando houver a satisfação das necessidades de toda a população brasileira. Teria que ser construida em grande escala habitações condignas, escolas, hospitais, estadios e locais para a cultura espiritual e fisica. Os arquitetos teriam uma relação mais estreita com todas as camadas da população.
O arqiuiteto brasileiro deverá intervir no planejamento para solucionar os problemas ligados ao bem estar social. O elemento humano deverá ser o centro de toda as suas preocupações, proporcionando consições adequadas para morar, trabalhar, cultivar o espírito e o corpo.
Cinthya Ávila
ARQUITETURA MODERNA
O termo modernismo é uma referência genérica que não traduz diferenças importantes entre arquitetos de uma mesma época. Um dos princípios básicos do modernismo foi o de renovar a arquitetura e rejeitar toda a arquitetura anterior ao movimento. Apesar de ser um momento multifacetado da produção arquitectônica internacional, o Modernismo manifestou alguns princípios que foram seguidos por um sem-número de arquitetos, das mais variadas escolas e tendências.
Uma das principais bandeiras dos modernos é a rejeição dos estilos históricos principalmente pelo que acreditavam ser a sua devoção ao ornamento. Os modernos viam no ornamento, um elemento típico dos estilos históricos, um inimigo a ser combatido: produzir uma arquitetura sem ornamentos tornou-se uma bandeira para alguns. Junto com as vanguardas artísticas da décadas de 1910 e 20 havia um como objetivo comum a criação de espaços e objetos abstratos, geométricos e mínimos.
Outra característica importante eram as idéias de industrialização, economia e a recém-descoberta noção do design. Acreditava-se que o arquiteto era um profissional responsável pela correta e socialmente justa construção do ambiente habitado pelo homem, carregando um fardo pesado. Os edifícios deveriam ser econômicos, limpos, úteis.
É possível traçar três principais linhas evolutivas nas quais pode-se encontrar a gênese da arquitetura moderna. O que une as três linhas é o fato de que elas terminam naquilo que é chamado de movimento moderno na arquitetura, considerado o clímax de uma trajetória histórica que desembocou na arquitetura realizada na maior parte do século XX.
No Brasil, O principal arquiteto modernista é Oscar Niemeyer, conhecido por criar metade das obras de brasília e por ter em seu repertório não apenas cubos, mas tambétá sempre à frente de seus colegas europeus. Provavelmente um dos últimos arquitetos modernistas vivo, até hoje Oscar Niemeyer cria seus grandes cubos brancos, principalmente para políticos e outros associados ao governo que podem lhe pagar quantidades imensas de dinheiro público. Suas obras incluem o Edifício Copan, um enorme edifício que, como todo bom edifício modernista. O Palácio do Planalto, o Congresso Nacional e o Palácio da Alvorada também são obras conhecidas feitas por ele.
Francieli Gandini
Arquitetura Moderna
A primeira manifestação no Brasil de arquitetura moderna foi a Semana da Arte Moderna de 1922. Os lideres do movimento foram vaiados, mas cumpriram com o seu papel. A Arquitetura moderna teve seu maior desenvolvimento durante o Estado Novo.
No Brasil, a arquitetura moderna, inicialmente reagiu contra os defeitos do ecletismo e academismo arquitetônico. Com isso pregou a volta da simplicidade e a pureza, que coincidiam com a tradição local.
A horizontalidade, os vãos enormes, as vidraças e treliças. São aspectos comuns da arquitetura civil colonial. É preciso realizar o estudo desses elementos, evitando o perigo da cópia e o da desorientação tradicionalista.
A realidade da arquitetura deve ser um ato construtivo, uma participação do movimento dialético da vida.
Ressaltando as características da obra de Lelé,voltado para a tecnologia construtiva do 'pré-moldado', enfrenta e resolve de forma racional, econômica e com apurado teor arquitetônico os mais variados e complexos desafios que o mundo social moderno programa e impõe explica, por oposição, a "grave lacuna" a que se referira: o afastamento do caráter construtivo e a ausência de programa social da arquitetura brasileira.
fonte:http://pphp.uol.com.br/tropico/html/textos/1689,1.shl
sábado, 5 de dezembro de 2009
ARQUITETURA MODERNA Conclusão
quinta-feira, 3 de dezembro de 2009
Leticia Beckhauser
A R Q U I T E T U R A M O D E R N A
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
A arquitetura moderna é um período arquitetônico da primeira metade do século XX que marcou definitivamente a arquitetura brasileira, com grandes nomes como Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Este período é marcado pela invenção do concreto e o uso do aço nas construções, permitindo assim a construção de prédios mais altos e menos compactos. O concreto e o aço permitem também maior liberdade de expressão do design arquitetônico. A utilização de ornamentos, muito utilizados até então, foi praticamente abolida.
Principais críticas:
1. Distanciamento do seu principal objetivo, que era estimular ou desenvolver uma arquitetura para as massas, uma arquitetura voltado aos problemas sociais do país, onde TODOS tivessem acesso. O deslumbramento formado por essa arquitetura, principalmente por suas formas inusitadas proporcionadas pelo concreto, transformou-a numa arquitetura elitista e anti-social. E esse aspecto negativo permanece ainda hoje.
2. Distanciamento do respeito à natureza, dando ênfase ao produto industrializado, à produção em série, contribuindo para provocar uma sociedade industrial repleta de desequilíbrios sociais, culturais e econômicos e naturais. A preferência pela industrialização provocou e ainda vem provocando uma relação de dominação do homem sobre a natureza, com a criação e a valorização de materiais artificiais, ocasionando o desequilíbrio ecológico e a devastação dos recursos naturais.
3. Falta de uma relação dialética, ou seja, uma relação entre as oposições uso/apropriação humana X natureza, buscando os elementos conflitantes dessa relação para surgir uma nova situação, com uso racional e respeito, sem degradação e sem domínio de um sobre o outro.
4. A arquitetura moderna surgiu de um processo arquitetônico muito forte por sua postura inicial social e isso ocasionou vários modismos que com o tempo, foram reduzidos a esses meros modismos. Esses modismos, por serem diferentes, belos e ousados, por estarem presentes em diversas edificações importantes no país, acabam por atender a população de nível de renda alto, ou seja, acaba contribuindo ainda mais para a segregação urbana das diferentes grupos econômicos.
5. Ênfase à originalidade da forma arquitetônica moderna, deixando de lado a funcionalidade, ou melhor, deixando de considerar o ser humano como o aspecto mais importante desse processo. O forte caráter inventivo, na busca exclusiva das formas possibilitadas pelo concreto e, de certa forma na beleza arquitetônica, deixou de lado aspectos importantes do projeto arquitetônico como desperdícios, custos, conforto térmico, entre outros.
6. Separação dos edifícios modernos com o meio urbano, com o entorno. O objeto arquitetônico, de forma inusitada, peca por não dialogar com o entorno, seja ele uma paisagem natural ou o caos urbano.
7. Um exemplo de melhor arquitetura poderia ser o de Lelé, que tomou um rumo de trabalho um pouco diferenciado dos demais modernistas. Preocupa-se com o uso do concreto em função de uma política de construção em massa, utilizando-se dessa maneira de peças de concreto armado, com encaixes racionalizados. Enfim, Lelé pode estar a um passo à frente na construção de uma arquitetura social e mais igualitária. Uma arquitetura mais humana, preenchida de luz e iluminação natural, racionalizada e economicamente viável.
(Deisi Cristiane Hartke dos Santos)
Conclusão
No Brasil, o movimento chegou na forma de revistas e publicações e com arquitetos nômades, peregrinos e migrantes (tanto de região para região dentro do nosso país, como de arquitetos estrangeiros). Com isto, houve também a disseminação de várias escolas em diversas regiões do Brasil, gerando ambientes de discussão e reflexão. O Brasil acolheu inúmeros refugiados ilustres, incluindo literatos, artistas plásticos e arquitetos, como, Bernard Rudofsky, Lukjan Korngold, Lina Bo Bardi, Mário Russo, Victor Reif, Daniele Calabi, Giancarlo Gasperini. Este último possui escritório de renome em São Paulo Aflalo & Gasperini Arquitetos, com projetos no Brasil e exterior.
Lucio Costa foi muito importante, pois como seguidor de Le Corbusier, começou por reformular o ensino de Arquitetura no Brasil, na Escola Nacional de Belas-Artes. Os arquitetos brasileiros seguiram o movimento, interagiram, estudaram e adaptaram essa arquitetura ao país, com seus costumes, cultura, materiais disponíveis, condicionantes climáticas, entre outros. O resultado foi e é conhecido mundialmente, o Brasil passou a não só absorver idéias, mas a fornecê-las também. O concreto armado transformou-se na expressão contemporânea da técnica construtiva brasileira.
Depois de certo declínio, especialmente com a ditadura em 1964, o que se pode notar hoje é que existem transformações e tentativas de levar essa linguagem de moderno adiante novamente, de evoluir e alcançar um novo tempo: o que seria a arquitetura contemporânea.
O menos é mais de Mies Van der Rohe torna-se questão de sobrevivência. Na seqüencia disso vem a sustentabilidade que, a despeito de constituir um principio básico da boa arquitetura, merece atenção especial, principalmente no que se refere às inovações tecnológicas em desenvolvimento para reduzir o custo de operação, manutenção e impacto ambiental das edificações.
A modernidade passa de geração para geração. A mesma, porém renovada. E arquitetura contemporânea é isso: a arquitetura moderna, porém renovada pelas necessidades impostas pelo meio ambiente em que vivemos: seja pela escassez de materiais, mão de obra, impactos ambientais, sociais e econômicos.
Acadêmica - Thaís Cardoso Dominguez Parente
tupi or not tupi: Conclusões
O movimento da arquitetura moderna teve início somente no pós-guerra, onde as pessoas buscavam o novo, o moderno e o diferente com agilidade e economia na construção.
No Brasil, o movimento chegou na forma de revistas e publicações e com arquitetos nômades, peregrinos e migrantes (tanto de região para região dentro do nosso país, como de arquitetos estrangeiros). Com isto, houve também a disseminação de várias escolas em diversas regiões do Brasil, gerando ambientes de discussão e reflexão. O Brasil acolheu inúmeros refugiados ilustres, incluindo literatos, artistas plásticos e arquitetos, como, Bernard Rudofsky, Lukjan Korngold, Lina Bo Bardi, Mário Russo, Victor Reif, Daniele Calabi, Giancarlo Gasperini. Este último possui escritório de renome em São Paulo Aflalo & Gasperini Arquitetos, com projetos no Brasil e exterior.
Lucio Costa foi muito importante, pois como seguidor de Le Corbusier, começou por reformular o ensino de Arquitetura no Brasil, na Escola Nacional de Belas-Artes. Os arquitetos brasileiros seguiram o movimento, interagiram, estudaram e adaptaram essa arquitetura ao país, com seus costumes, cultura, materiais disponíveis, condicionantes climáticas, entre outros. O resultado foi e é conhecido mundialmente, o Brasil passou a não só absorver idéias, mas a fornecê-las também. O concreto armado transformou-se na expressão contemporânea da técnica construtiva brasileira.
Depois de certo declínio, especialmente com a ditadura em 1964, o que se pode notar hoje é que existem transformações e tentativas de levar essa linguagem de moderno adiante novamente, de evoluir e alcançar um novo tempo: o que seria a arquitetura contemporânea.
O menos é mais de Mies Van der Rohe torna-se questão de sobrevivência. Na seqüencia disso vem a sustentabilidade que, a despeito de constituir um principio básico da boa arquitetura, merece atenção especial, principalmente no que se refere às inovações tecnológicas em desenvolvimento para reduzir o custo de operação, manutenção e impacto ambiental das edificações.
A modernidade passa de geração para geração. A mesma, porém renovada. E arquitetura contemporânea é isso: a arquitetura moderna, porém renovada pelas necessidades impostas pelo meio ambiente em que vivemos: seja pela escassez de materiais, mão de obra, impactos ambientais, sociais e econômicos.
Acadêmica - Thaís Cardoso Dominguez Parente
sábado, 28 de novembro de 2009
Moderno nos Trópicos
Os Arquitetos:
UNA Arquitetos
www.unaarquitetos.com.br/
O Una Arquitetos, fundado em 1995, é uma associação de quatro arquitetos formados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde concluíram também a dissertação de mestrado. Desde sua formação desenvolve projetos de diversas escalas e programas, como escolas, edifícios residenciais e comerciais, espaços culturais, equipamentos para transporte público e estudos urbanísticos. Em 1997, venceu o concurso nacional para a reabilitação da Agência Central dos Correios. Recebeu, em 2002, o primeiro prêmio no Concurso Público Nacional para o Teatro Laboratório de Artes Cênicas e Corporais da UNICAMP.
O escritório desenvolveu diversos projetos de escolas públicas para a Fundação para o Desenvolvimento da Educação. Em 2005 recebeu o Prêmio Ex-Aequo Jovens Arquitetos pela Escola Estadual em Campinas. O escritório é responsável também pelo projeto de reforma e restauro do Instituto de Arte Contemporânea e Centro Universitário Maria Antônia da USP, premiado na V bienal de Arquitetura de São Paulo. Em 2003 integrou a equipe do arquiteto Paulo Mendes da Rocha no projeto para candidatura de São Paulo a sede das Olimpíadas de 2012.
Durante o ano de 2006 a equipe foi responsável um extenso projeto urbano para a requalificação de uma área de 3.000.000m2 abrangendo dois importantes bairros centrais de São Paulo: os bairros da Mooca e do Ipiranga. O escritório recebeu vários prêmios IAB: pela Escola Estadual em Poá, Casa em Carapicuíba e, em 2006, recebeu o prêmio IAB pela Casa em Curitiba. Atualmente desenvolve seis estações ferroviárias na região metropolitana de São Paulo. O Una expôs em duas edições da Mostra Internacional de Arquitetura de Veneza. Em 2004, no Pavilhão do Brasil, a convite da curadoria nacional. Em 2006 participou da exposição no Pavilhão Arsenalle, selecionado pela curadoria internacional.
O Projeto
Pavilhão COBOGÓ
O Pavilhão Carambó ficou pronto em 2002 e transformou a rotina da fazenda. Entre estudos, conversas, projeto e obra, foram pouco mais de doze meses de trabalho. E de mudanças. Além de indicar novas possibilidades de uso, o projeto fez despertar nas pessoas uma nova percepção do espaço. Uma nova leitura da paisagem, dos costumes e da história - da fazenda e da região.
A montanha
A primeira vez que pisei no Carambó foi em 1979, quando o meu pai Sylvio Iasi Júnior comprou a fazenda. Eu tinha apenas oito anos e nunca me esqueci daquele dia. Ele e meu avô, Sylvio Iasi, caminhavam pelo pasto, olhando para a montanha mais alta do lugar. Foi quando meu pai perguntou:
- O que você acha? Onde é que vamos fazer a casa?
Meu avô coçou a cabeça, sem pressa, e apontou para um grupo de vacas, deitadas no meio do morro: O melhor lugar para construir a casa é onde o gado dorme. A resposta do meu avô reproduzia a cultura matuta. Uma idéia simples e muito bonita. O gado sempre faz a dormida em lugares secos, arejados e, ao mesmo tempo, protegidos. Vaca não dorme no úmido, foge do vento forte e gosta do sol da tarde. Assim, a sabedoria popular se tornou decisiva para a história e para a paisagem do lugar. Tanto a casa quanto o Pavilhão seriam erguidos, anos mais tarde, no meio da montanha mais alta da fazenda. Duas obras na dormida do gado. dorme no úmido, foge do vento forte e gosta do sol da tarde. Assim, a sabedoria popular se tornou decisiva para a história e para a paisagem do lugar. Tanto a casa quanto o Pavilhão seriam erguidos, anos mais tarde, no meio da montanha mais alta da fazenda. Duas obras na dormida do gado.
A região
A Fazenda Carambó fica no município paulista de Vargem, perto da divisa com Minas Gerais. A montanha do Pavilhão faz parte de uma terminação da Serra da Mantiqueira. Estamos a 110 quilômetros de São Paulo e a mil metros de altitude.
A paisagem montanhosa se desdobra por toda a região. Mata verde nos topos e pasto velho nos terrenos inclinados. Já foi terra de café e hoje é área de gado de leite, olarias, turismo e muitas casas de campo. Dois elementos da paisagem foram particularmente importantes para o Pavilhão. Primeiro, o eucalipto, muito cultivado na região. Segundo, as pedras. Elas brotam das montanhas, salpicam o pasto, se espalham pelas baixadas e riachos. Segundo os geólogos é um granito.
O casarão
Logo ao lado da fazenda fica o bairro do Lopo, um vilarejo rural. O agrupamento começou a se formar no século XVI, como parada de bandeirantes, e, mais tarde, no século XIX, serviu de pouso para os tropeiros. O período de comércio e dinheiro alavancou a construção de belas moradas. Casarões com telha caipira, soleiras de pedra, janelões com batentes coloridos. Fachadas típicas da nossa colonização portuguesa. A história do velho Lopo também está ligada à do Pavilhão. Explico: quando o meu pai comprou a fazenda soube que um desses velhos casarões estava sendo demolido. Foi checar. A casa estava mesmo em ruínas, mas ele teve bom olho para salvar algumas maravilhas daquele monte de entulho. Comprou janelas e batentes de peroba, soleiras de granito, vigas de goiabeira, forro, assoalho, telhas e tijolões ainda preservados. Com isso, o casarão destruído foi praticamente reerguido no Carambó. Surgia assim a sede atual da fazenda. Um grande retângulo de paredes brancas e janelas azuis. A primeira construção na dormida do gado.
Os costumes
Com a casa terminada, em 1990, começou uma segunda obra: uma piscina com churrasqueira. A construção, ao lado da casa, não passava de uma cobertura bem simples. Destaque para a estrutura do telhado: seguindo o costume da região, o material usado foi o eucalipto roliço.
A habilidade local também foi valiosa na construção dos muros de arrimo, que contornam toda a área da casa e da piscina. Os empregados da fazenda saíam pelo campo em busca das pedras. Depois, empilhavam uma a uma – no braço. Um trabalho de força, capricho e paciência. Ou “um quebra cabeças de pedra”, como explicou Osvaldo Miranda, mais conhecido como Deca – caseiro e principal construtor dos muros.
Una
O trabalho com Una Arquitetos começou no início de 2001. Cristiane Muniz, Fernando Viégas, Fernanda Barbara e Fábio Valentim já eram velhos amigos da família. Conheciam e freqüentavam o lugar. Meus pais pensavam em remodelar toda a área da piscina. Queriam mais espaço para a churrasqueira, um forno de pizzas, banheiro, sauna e etc. Para baratear os custos, arquitetos e clientes decidiram que o projeto deveria aproveitar ao máximo o material já disponível na fazenda. E mais: tudo deveria ser feito com a mão-de-obra local.
A estrutura
O Pavilhão foi construído na mesma posição da velha churrasqueira. Um retângulo coberto de 135 metros quadrados. A telha caipira é sustentada por uma estrutura de madeira que surpreende pela beleza e simplicidade. A base de tudo é o eucalipto roliço citrodora. Material cultivado na fazenda e comum nas construções da região. Contando com a parceria do arquiteto Marcus Vinicius Barreto Lima, a equipe do Una desenhou, uma a uma, todas as peças da estrutura. Eles calcularam os diâmetros, projetaram os encaixes e indicaram até um método de montagem do telhado. Vale notar que, em geral, vigas, colunas e caibros não se tocam. A ligação entre as madeiras é feita por peças de metal – também desenhadas por eles e confeccionadas pelo próprio pessoal do Carambó. Apesar do traço sofisticado, muitas vezes quando olho pra cima tenho a sensação de estar debaixo daquele telhado caipira da antiga churrasqueira – uma memória muito agradável.
O Pavilhão
O fundo do pavilhão é ocupado por um grande cubo de alvenaria. Completamente solto da estrutura, esse volume abriga a churrasqueira e o forno de pizza. Ainda há espaço para sauna, um banheiro e um pequeno depósito. Pintado de vermelho escuro, o cubo é um dos poucos elementos coloridos do Pavilhão. Na parte central da cobertura fica uma bancada, de tijolo caiado. A peça tem uma cuba de pia e tampo de mármore. Serve como bar e também como mesa de trabalho para churrasqueiros e pizzaiolos.
Na outra ponta, o Pavilhão ultrapassa a linha do arrimo e avança sobre o pasto. O volume coberto parece solto no ar. O piso leva tábuas de ipê, como um deck. Essa parte da construção se apóia num pequeno paralelepípedo de alvenaria, com a mesma cor do cubo. Para quem olha de longe, é uma nova referência na paisagem. O traçado reto do Pavilhão, flutuando sobre o pasto, reforça a sensação de declividade do terreno. Valoriza a velha montanha da fazenda.
Madeira
Prego, martelo e ripas de ipê. O fechamento do pavilhão é outro traço impressionante do projeto. Tudo se baseia em grandes ripados. Alguns fixos, outros móveis. A face interna é revestida com vidro. Surge então um ambiente ao mesmo tempo claro e protegido. As ripas de ipê filtram a luz, barram o sol direto e o vidro segura o vento forte. Quem está dentro do Pavilhão não perde a vista, já que o espaço entre as ripas permite uma boa leitura da paisagem.
As peças de madeira trazem mobilidade ao Pavilhão. Os ripados funcionam como grandes portas, que correm sobre rodinhas. Esse movimento aumenta ou diminui a entrada de luz e de vento, ajudando no controle da temperatura. A frente do Pavilhão também pode ser aberta em direção ao pasto. Ali, duas placas funcionam como portas giratórias. Por tudo isto, o mesmo lugar pode ser aproveitado de várias maneiras: pizza com vinho nas noites frias, ou churrasco com cerveja nos dias de sol.
Os muros
Com o projeto do Pavilhão, os muros de pedra da fazenda deixaram de ser meros arrimos, encostados no barranco. Foi quando os arquitetos lançaram a pergunta: será possível fazer muros altos e retos, sem nenhum tipo de apoio?
Só depois de alguns testes meu pai teve certeza: não só era possível fazer os muros soltos, como eles ficariam lindos. Assim, além de acolher os velhos arrimos do entorno da casa, o projeto do Pavilhão propôs a construção de novos muros. E o mais bonito é que os novos volumes de pedra sugerem uma continuidade, um desdobramento dos antigos. Para quem olha pela primeira vez não é fácil dizer qual parte foi erguida primeiro. Apesar de robustos e pesados, os novos muros não têm função estrutural. Assim como o cubo, ficam soltos do telhado.
O pátio
Os maiores muros do projeto dão forma a um pátio que fica atrás do pavilhão. Um ambiente reservado sugerido pelos arquitetos e totalmente novo para o lugar.
Com dois metros e vinte de altura e duas grandes janelas, as paredes indicam novos pontos de vista para a fazenda. As duas aberturas funcionam como molduras da paisagem, que destacam determinados lugares. Os topos das colinas também ganham destaque sobre o traço quase reto da muralha. Antes, esta vista do “fundo” era praticamente ignorada. O espaço abriga ainda um espelho d’água e um flamboyant. A árvore também fazia parte da natureza local. Assim como as pedras, ela foi transplantada do pasto, diretamente para o pátio.
As piscinas
As duas piscinas cortam a grande área aberta ao lado do Pavilhão. Ambas têm revestimento de vinil azul escuro, confeccionado especialmente para o projeto. As bordas foram feitas com granito apicoado. São duas peças coladas, no formato de L. Com este desenho, o vinil azul só aparece dentro d’água, o que dá a impressão de uma cor infinita – sem linhas ou rejuntes de uma piscina de pastilha.
O terreiro
O piso de tijolos lembra um grande terreiro que ocupa quase todo o espaço do projeto. Um elemento de ligação, de integração entre as partes. Aliás, os tijolos também foram produzidos no Carambó, numa pequena olaria artesanal.
O novo olhar
O Pavilhão mudou profundamente a paisagem e o dia-a-dia da fazenda. Além de sugerir novos programas e usos, o projeto despertou nas pessoas um novo olhar. O Pavilhão renovou as árvores cansadas, as curvas antigas, as matas caladas, o pasto esquecido. Trouxe para todos uma nova percepção de tudo o que sempre esteve, de tudo o que sempre existiu.
A análise:
Com esta obra podemos perceber a preocupação dos autores em desenvolver uma arquitetura - ainda que moderna, mas adequada ao local de inserção. Nada de monumentalismos desnecessários, mas sim apenas a essência do lugar.
A implantação privilegiada e a sensibilidade de criar espaços não apenas de permanência, mas sim de contemplação, criam neste projeto a sensibilidade que todo bom projeto de arquitura deveria ter.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Intervenções monumentais
Parque Flamengo – Rio de Janeiro – RJ
Arquitetos: Afonso Reidy e Roberto Burle Marx
Afonso Reidy um arquiteto brasileiro considerado um dos pioneiros na introdução da arquitetura moderna no país.
Parque do Ibirapuera – São Paulo – SP
Arquiteto: Oscar Niemeyer
Biografia de Oscar Niemayer.
Oscar Niemeyer é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. A biografia de Oscar Niemeyer é profundamente marcada por idealismos.
A criação constante de novas formas arquitetônicas - em colunas, fachadas, coberturas, arcabouços estruturais ou vãos espaciais - marcou crescentemente o repertório de Niemeyer. Configurou-se uma linguagem pessoal inconfundível, cuja sintaxe foi estruturada pela leveza arquitetônica, pelos grandes vãos e pela forma-estrutura, onde se integram estabilidade e estética.
Ponte do JK – Brasília – DF
Alexandre Chan
Gustavo Penna Arquiteto & Associados
O Parque Ecológico Promotor Francisco Lins do Rego, implantado na Pampulha, é projeto dos arquitetos Gustavo Penna, Álvaro Hardy, o Veveco, e Mariza Machado Coelho. Foi inaugurado em 2004 com cerca de 300 mil m² que, juntamente ao Jardim Zoológico e ao Jardim Botânico, formam a segunda maior área verde da cidade.
Implantado em uma ilha artificial formada por resíduos que, vindos dos córregos que formam a lagoa, sedimentaram-se em seu fundo dando origem à ilha da Ressaca. O parque é setorizado em cinco setores: esplanada, área reflorestada, área alagada, reserva de uso restrito e enseada. Nas áreas livres predominam árvores e gramas (não há canteiros) e há o mínimo de construções. A principal edificação, o centro de apoio, é composta por um volume branco de desenho conciso, ao qual se anexa uma varanda, com marquise apoiada em delgados pilares arredondados. O centro abriga a administração e possui um pequeno auditório.
Gustavo Penna Arquiteto & Associados
MMBB
Desenvolvida em um seminário para projetos que propunham a inserção no contexto urbano da cidade, a Estação Coimbra foi criada para integrar diferentes meios de transporte: metrô, ônibus, trem e um estacionamento para automóveis. A construção ocuparia terrenos em ambas as margens do rio, com uma ponte entre elas, recoberta de material translúcido, proporcionando um novo marco visual na cidade. Possuindo uma instalação comercial e serviços abertos 24 horas, proporciona um importante ponto de encontro para a população.
O projeto é um empreendimento de grande escala que não fere o centro histórico. A intervenção mostra a monumentalidade em forma horizontal, evitando uma interferência na paisagem urbana.
MMBB
MMBB Arquitetos iniciou suas atividades em 1990. Atualmente formado pelos arquitetos Fernando de Mello Franco, Marta Moreira e Milton Braga. Experiências anteriores acumuladas como colaboradores em empresas brasileiras e estrangeiras foram reunidas em uma organização comum, consolidando uma atuação profissional abrangente que tem se destacado pelo desenvolvimento de projetos públicos e institucionais na área de edificações e urbanismo.
Os projetos, realizados na forma de diversas associações e colaborações com diferentes arquitetos e empresas de engenharia consultiva, tem possibilitado a estruturação de uma atividade multidisciplinar necessária à abrangência e complexidade dos trabalhos realizados.
A parceria com o Arquiteto Paulo Mendes da Rocha, por sua vez, oferece a oportunidade de desenvolvimento de projetos de grande porte para órgãos institucionais e de governo, destinados para atividades culturais, educacionais, representativas e de serviços.
A preocupação de uma postura reflexiva e crítica em sua atuação conduz à expansão das atividades do MMBB Arquitetos para o âmbito acadêmico e cultural. Seus sócios exercem uma produção paralela na participação e/ou organização de eventos culturais, exposições, bienais, assim como desenvolvem uma atividade acadêmica, tanto na docência como na pesquisa.
Passeio do Gasômetro – Porto Alegre – RS.
31.500 m²
Arquitetos: Roberto Behar, Rosario Marquardt, Carlos Eduardo Comas e Glenio Vianna Bohrer.
Os rios sempre foram um ponto de grande importância nas cidades Brasileiras. Eram eles que, na maioria das vezes, eram responsáveis pelo desenvolvimento das cidades, tendo sua utilização apenas funcional: como fonte de abastecimento de água e como meio de transporte. Mas o rio dificilmente é incorporado como valor natural ao urbanismo das cidades. Essa cena aconteceu com Porto Alegre, mas atualmente estão sendo desenvolvidos projetos para revitalização das áreas próximas ao Rio Guaíba.
A proposta do Passeio do Gasômetro planeja um caminho de 500 m de extensão, junto ao prédio da antiga usina, hoje tombada como patrimônio Histórico e utilizada como centro cultural.
Os colaboradores no Projeto são, a Secretaria do Planejamento Municipal de Porto Alegre, o Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura da UFRGS e os arquitetos e professores convidados da Universidade de Miami: Rosario Marquardt e Roberto Behar.
No projeto pretende-se constituir um novo portal para a cidade com a criação de caminhos nas margens do Rio Guaíba, com o plantio de milhares de Palmeiras levando a áreas de convivência, escadas barrocas e espaços flutuantes sobre o rio.
A intervenção prevê a utilização de equipamentos urbanos lembrando objetos domésticos para educar as pessoas a utilizar os bens naturais da cidade.
Biografia Roberto Behar e Rosário Marquart
Os arquitetos são mais conhecidos por suas "intervenções" no Miami Design District. Nascidos na Argentina, ambos são formados em Arquitetura pela Universidad Nacional de Rosario. Além disso, Rosário tem uma licenciatura em direção teatro de fantoches e Roberto estudou no Instituto de Arquitetura e Urbanismo, em Nova York. Juntos, eles também são beneficiários do Sul da Flórida 2001 Consórcio Cultural Artes Visuais e Media Award. Eles têm aulas nos Estados Unidos, Suíça, Itália, Brasil e Argentina, e a sua obra pertence a coleções particulares nos Estados Unidos, América Latina e Europa. Eles são atualmente Professores na Universidade de Miami, Flórida.
Parque da Juventude – São Paulo – SP
240.000 m²
Arquitetos: Rosa Grena Kliass Arquitetura Paisagística Planejamento de Projetos.
São Paulo é uma das cidades mais densas do mundo e com menos vegetação do Brasil. A criação de Praças e Parques é uma ação necessária, principalmente nas áreas mais pobres como acontece com o Parque da Juventude.
A maior prisão da América do Sul, o Carindiru, foi desativada e com isso foi feito um concurso para o projeto de paisagismo para a área. O projeto construído foi feito pela equipe comandada pela arquiteta Rosa Kliass.
O parque ocupará 240.000 m² da Zona Norte de São Paulo, criando um conjunto com o Paque Central e o Parque dos esportes. No último, as quadras de esportes ladeiam uma alameda arborizada e pavimentada que uni todo o complexo. Um secundário leva as áreas de estar e a recreação infantil.
Ao centro a vegetação cultivada se mescla a existente. Novas estruturas foram acrescentadas aos prédios antigos permanecendo traços da antiga ocupação. Passarelas de concreto e aço compõem a paisagem indicando o caminho.
O parque atende a população mais pobre, celebrando o novo uso da área sem esquecer a antiga ocupação do local.
Biografia Rosa Grena Kliass
Rosa Grena Kliass é uma arquiteta-paisagista brasileira, considerada uma das mais importantes na história do Paisagismo brasileiro moderno e contemporâneo. Entre suas obras mais significativas estão a reforma do Vale do Anhangabaú e a obra mencionada acima.
Rosa Kliass formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) em 1955, tendo estabelecido desde então prática profissional ligada predominantemente à arquitetura paisagística, sendo ganhadora de inúmeros prêmios nesta área. Sagrou-se também como consultora de diversos órgãos estatais, autora de vários trabalhos publicados no país e no exterior.
Seu trabalho teórico também possui certa relevância, sendo autora do livro Parques urbanos de São Paulo, desenvolvido a partir do tema de sua dissertação de mestrado, defendida em 1989 na FAUUSP. É fundadora e ex-presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP).