Esse é um espaço da disciplina história V do curso de arquitetura e urbanismo da FURB, para apresentar e discutir a pesquisa sobre a arquitetura brasileira.
segunda-feira, 30 de novembro de 2009
A arquitetura moderna é um período arquitetônico da primeira metade do século XX que marcou definitivamente a arquitetura brasileira, com grandes nomes como Oscar Niemeyer e Lucio Costa. Este período é marcado pela invenção do concreto e o uso do aço nas construções, permitindo assim a construção de prédios mais altos e menos compactos. O concreto e o aço permitem também maior liberdade de expressão do design arquitetônico. A utilização de ornamentos, muito utilizados até então, foi praticamente abolida.
Principais críticas:
1. Distanciamento do seu principal objetivo, que era estimular ou desenvolver uma arquitetura para as massas, uma arquitetura voltado aos problemas sociais do país, onde TODOS tivessem acesso. O deslumbramento formado por essa arquitetura, principalmente por suas formas inusitadas proporcionadas pelo concreto, transformou-a numa arquitetura elitista e anti-social. E esse aspecto negativo permanece ainda hoje.
2. Distanciamento do respeito à natureza, dando ênfase ao produto industrializado, à produção em série, contribuindo para provocar uma sociedade industrial repleta de desequilíbrios sociais, culturais e econômicos e naturais. A preferência pela industrialização provocou e ainda vem provocando uma relação de dominação do homem sobre a natureza, com a criação e a valorização de materiais artificiais, ocasionando o desequilíbrio ecológico e a devastação dos recursos naturais.
3. Falta de uma relação dialética, ou seja, uma relação entre as oposições uso/apropriação humana X natureza, buscando os elementos conflitantes dessa relação para surgir uma nova situação, com uso racional e respeito, sem degradação e sem domínio de um sobre o outro.
4. A arquitetura moderna surgiu de um processo arquitetônico muito forte por sua postura inicial social e isso ocasionou vários modismos que com o tempo, foram reduzidos a esses meros modismos. Esses modismos, por serem diferentes, belos e ousados, por estarem presentes em diversas edificações importantes no país, acabam por atender a população de nível de renda alto, ou seja, acaba contribuindo ainda mais para a segregação urbana das diferentes grupos econômicos.
5. Ênfase à originalidade da forma arquitetônica moderna, deixando de lado a funcionalidade, ou melhor, deixando de considerar o ser humano como o aspecto mais importante desse processo. O forte caráter inventivo, na busca exclusiva das formas possibilitadas pelo concreto e, de certa forma na beleza arquitetônica, deixou de lado aspectos importantes do projeto arquitetônico como desperdícios, custos, conforto térmico, entre outros.
6. Separação dos edifícios modernos com o meio urbano, com o entorno. O objeto arquitetônico, de forma inusitada, peca por não dialogar com o entorno, seja ele uma paisagem natural ou o caos urbano.
7. Um exemplo de melhor arquitetura poderia ser o de Lelé, que tomou um rumo de trabalho um pouco diferenciado dos demais modernistas. Preocupa-se com o uso do concreto em função de uma política de construção em massa, utilizando-se dessa maneira de peças de concreto armado, com encaixes racionalizados. Enfim, Lelé pode estar a um passo à frente na construção de uma arquitetura social e mais igualitária. Uma arquitetura mais humana, preenchida de luz e iluminação natural, racionalizada e economicamente viável.
(Deisi Cristiane Hartke dos Santos)
Conclusão
No Brasil, o movimento chegou na forma de revistas e publicações e com arquitetos nômades, peregrinos e migrantes (tanto de região para região dentro do nosso país, como de arquitetos estrangeiros). Com isto, houve também a disseminação de várias escolas em diversas regiões do Brasil, gerando ambientes de discussão e reflexão. O Brasil acolheu inúmeros refugiados ilustres, incluindo literatos, artistas plásticos e arquitetos, como, Bernard Rudofsky, Lukjan Korngold, Lina Bo Bardi, Mário Russo, Victor Reif, Daniele Calabi, Giancarlo Gasperini. Este último possui escritório de renome em São Paulo Aflalo & Gasperini Arquitetos, com projetos no Brasil e exterior.
Lucio Costa foi muito importante, pois como seguidor de Le Corbusier, começou por reformular o ensino de Arquitetura no Brasil, na Escola Nacional de Belas-Artes. Os arquitetos brasileiros seguiram o movimento, interagiram, estudaram e adaptaram essa arquitetura ao país, com seus costumes, cultura, materiais disponíveis, condicionantes climáticas, entre outros. O resultado foi e é conhecido mundialmente, o Brasil passou a não só absorver idéias, mas a fornecê-las também. O concreto armado transformou-se na expressão contemporânea da técnica construtiva brasileira.
Depois de certo declínio, especialmente com a ditadura em 1964, o que se pode notar hoje é que existem transformações e tentativas de levar essa linguagem de moderno adiante novamente, de evoluir e alcançar um novo tempo: o que seria a arquitetura contemporânea.
O menos é mais de Mies Van der Rohe torna-se questão de sobrevivência. Na seqüencia disso vem a sustentabilidade que, a despeito de constituir um principio básico da boa arquitetura, merece atenção especial, principalmente no que se refere às inovações tecnológicas em desenvolvimento para reduzir o custo de operação, manutenção e impacto ambiental das edificações.
A modernidade passa de geração para geração. A mesma, porém renovada. E arquitetura contemporânea é isso: a arquitetura moderna, porém renovada pelas necessidades impostas pelo meio ambiente em que vivemos: seja pela escassez de materiais, mão de obra, impactos ambientais, sociais e econômicos.
Acadêmica - Thaís Cardoso Dominguez Parente
tupi or not tupi: Conclusões
O movimento da arquitetura moderna teve início somente no pós-guerra, onde as pessoas buscavam o novo, o moderno e o diferente com agilidade e economia na construção.
No Brasil, o movimento chegou na forma de revistas e publicações e com arquitetos nômades, peregrinos e migrantes (tanto de região para região dentro do nosso país, como de arquitetos estrangeiros). Com isto, houve também a disseminação de várias escolas em diversas regiões do Brasil, gerando ambientes de discussão e reflexão. O Brasil acolheu inúmeros refugiados ilustres, incluindo literatos, artistas plásticos e arquitetos, como, Bernard Rudofsky, Lukjan Korngold, Lina Bo Bardi, Mário Russo, Victor Reif, Daniele Calabi, Giancarlo Gasperini. Este último possui escritório de renome em São Paulo Aflalo & Gasperini Arquitetos, com projetos no Brasil e exterior.
Lucio Costa foi muito importante, pois como seguidor de Le Corbusier, começou por reformular o ensino de Arquitetura no Brasil, na Escola Nacional de Belas-Artes. Os arquitetos brasileiros seguiram o movimento, interagiram, estudaram e adaptaram essa arquitetura ao país, com seus costumes, cultura, materiais disponíveis, condicionantes climáticas, entre outros. O resultado foi e é conhecido mundialmente, o Brasil passou a não só absorver idéias, mas a fornecê-las também. O concreto armado transformou-se na expressão contemporânea da técnica construtiva brasileira.
Depois de certo declínio, especialmente com a ditadura em 1964, o que se pode notar hoje é que existem transformações e tentativas de levar essa linguagem de moderno adiante novamente, de evoluir e alcançar um novo tempo: o que seria a arquitetura contemporânea.
O menos é mais de Mies Van der Rohe torna-se questão de sobrevivência. Na seqüencia disso vem a sustentabilidade que, a despeito de constituir um principio básico da boa arquitetura, merece atenção especial, principalmente no que se refere às inovações tecnológicas em desenvolvimento para reduzir o custo de operação, manutenção e impacto ambiental das edificações.
A modernidade passa de geração para geração. A mesma, porém renovada. E arquitetura contemporânea é isso: a arquitetura moderna, porém renovada pelas necessidades impostas pelo meio ambiente em que vivemos: seja pela escassez de materiais, mão de obra, impactos ambientais, sociais e econômicos.
Acadêmica - Thaís Cardoso Dominguez Parente
sábado, 28 de novembro de 2009
Moderno nos Trópicos
Os Arquitetos:
UNA Arquitetos
www.unaarquitetos.com.br/
O Una Arquitetos, fundado em 1995, é uma associação de quatro arquitetos formados pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo, onde concluíram também a dissertação de mestrado. Desde sua formação desenvolve projetos de diversas escalas e programas, como escolas, edifícios residenciais e comerciais, espaços culturais, equipamentos para transporte público e estudos urbanísticos. Em 1997, venceu o concurso nacional para a reabilitação da Agência Central dos Correios. Recebeu, em 2002, o primeiro prêmio no Concurso Público Nacional para o Teatro Laboratório de Artes Cênicas e Corporais da UNICAMP.
O escritório desenvolveu diversos projetos de escolas públicas para a Fundação para o Desenvolvimento da Educação. Em 2005 recebeu o Prêmio Ex-Aequo Jovens Arquitetos pela Escola Estadual em Campinas. O escritório é responsável também pelo projeto de reforma e restauro do Instituto de Arte Contemporânea e Centro Universitário Maria Antônia da USP, premiado na V bienal de Arquitetura de São Paulo. Em 2003 integrou a equipe do arquiteto Paulo Mendes da Rocha no projeto para candidatura de São Paulo a sede das Olimpíadas de 2012.
Durante o ano de 2006 a equipe foi responsável um extenso projeto urbano para a requalificação de uma área de 3.000.000m2 abrangendo dois importantes bairros centrais de São Paulo: os bairros da Mooca e do Ipiranga. O escritório recebeu vários prêmios IAB: pela Escola Estadual em Poá, Casa em Carapicuíba e, em 2006, recebeu o prêmio IAB pela Casa em Curitiba. Atualmente desenvolve seis estações ferroviárias na região metropolitana de São Paulo. O Una expôs em duas edições da Mostra Internacional de Arquitetura de Veneza. Em 2004, no Pavilhão do Brasil, a convite da curadoria nacional. Em 2006 participou da exposição no Pavilhão Arsenalle, selecionado pela curadoria internacional.
O Projeto
Pavilhão COBOGÓ
O Pavilhão Carambó ficou pronto em 2002 e transformou a rotina da fazenda. Entre estudos, conversas, projeto e obra, foram pouco mais de doze meses de trabalho. E de mudanças. Além de indicar novas possibilidades de uso, o projeto fez despertar nas pessoas uma nova percepção do espaço. Uma nova leitura da paisagem, dos costumes e da história - da fazenda e da região.
A montanha
A primeira vez que pisei no Carambó foi em 1979, quando o meu pai Sylvio Iasi Júnior comprou a fazenda. Eu tinha apenas oito anos e nunca me esqueci daquele dia. Ele e meu avô, Sylvio Iasi, caminhavam pelo pasto, olhando para a montanha mais alta do lugar. Foi quando meu pai perguntou:
- O que você acha? Onde é que vamos fazer a casa?
Meu avô coçou a cabeça, sem pressa, e apontou para um grupo de vacas, deitadas no meio do morro: O melhor lugar para construir a casa é onde o gado dorme. A resposta do meu avô reproduzia a cultura matuta. Uma idéia simples e muito bonita. O gado sempre faz a dormida em lugares secos, arejados e, ao mesmo tempo, protegidos. Vaca não dorme no úmido, foge do vento forte e gosta do sol da tarde. Assim, a sabedoria popular se tornou decisiva para a história e para a paisagem do lugar. Tanto a casa quanto o Pavilhão seriam erguidos, anos mais tarde, no meio da montanha mais alta da fazenda. Duas obras na dormida do gado. dorme no úmido, foge do vento forte e gosta do sol da tarde. Assim, a sabedoria popular se tornou decisiva para a história e para a paisagem do lugar. Tanto a casa quanto o Pavilhão seriam erguidos, anos mais tarde, no meio da montanha mais alta da fazenda. Duas obras na dormida do gado.
A região
A Fazenda Carambó fica no município paulista de Vargem, perto da divisa com Minas Gerais. A montanha do Pavilhão faz parte de uma terminação da Serra da Mantiqueira. Estamos a 110 quilômetros de São Paulo e a mil metros de altitude.
A paisagem montanhosa se desdobra por toda a região. Mata verde nos topos e pasto velho nos terrenos inclinados. Já foi terra de café e hoje é área de gado de leite, olarias, turismo e muitas casas de campo. Dois elementos da paisagem foram particularmente importantes para o Pavilhão. Primeiro, o eucalipto, muito cultivado na região. Segundo, as pedras. Elas brotam das montanhas, salpicam o pasto, se espalham pelas baixadas e riachos. Segundo os geólogos é um granito.
O casarão
Logo ao lado da fazenda fica o bairro do Lopo, um vilarejo rural. O agrupamento começou a se formar no século XVI, como parada de bandeirantes, e, mais tarde, no século XIX, serviu de pouso para os tropeiros. O período de comércio e dinheiro alavancou a construção de belas moradas. Casarões com telha caipira, soleiras de pedra, janelões com batentes coloridos. Fachadas típicas da nossa colonização portuguesa. A história do velho Lopo também está ligada à do Pavilhão. Explico: quando o meu pai comprou a fazenda soube que um desses velhos casarões estava sendo demolido. Foi checar. A casa estava mesmo em ruínas, mas ele teve bom olho para salvar algumas maravilhas daquele monte de entulho. Comprou janelas e batentes de peroba, soleiras de granito, vigas de goiabeira, forro, assoalho, telhas e tijolões ainda preservados. Com isso, o casarão destruído foi praticamente reerguido no Carambó. Surgia assim a sede atual da fazenda. Um grande retângulo de paredes brancas e janelas azuis. A primeira construção na dormida do gado.
Os costumes
Com a casa terminada, em 1990, começou uma segunda obra: uma piscina com churrasqueira. A construção, ao lado da casa, não passava de uma cobertura bem simples. Destaque para a estrutura do telhado: seguindo o costume da região, o material usado foi o eucalipto roliço.
A habilidade local também foi valiosa na construção dos muros de arrimo, que contornam toda a área da casa e da piscina. Os empregados da fazenda saíam pelo campo em busca das pedras. Depois, empilhavam uma a uma – no braço. Um trabalho de força, capricho e paciência. Ou “um quebra cabeças de pedra”, como explicou Osvaldo Miranda, mais conhecido como Deca – caseiro e principal construtor dos muros.
Una
O trabalho com Una Arquitetos começou no início de 2001. Cristiane Muniz, Fernando Viégas, Fernanda Barbara e Fábio Valentim já eram velhos amigos da família. Conheciam e freqüentavam o lugar. Meus pais pensavam em remodelar toda a área da piscina. Queriam mais espaço para a churrasqueira, um forno de pizzas, banheiro, sauna e etc. Para baratear os custos, arquitetos e clientes decidiram que o projeto deveria aproveitar ao máximo o material já disponível na fazenda. E mais: tudo deveria ser feito com a mão-de-obra local.
A estrutura
O Pavilhão foi construído na mesma posição da velha churrasqueira. Um retângulo coberto de 135 metros quadrados. A telha caipira é sustentada por uma estrutura de madeira que surpreende pela beleza e simplicidade. A base de tudo é o eucalipto roliço citrodora. Material cultivado na fazenda e comum nas construções da região. Contando com a parceria do arquiteto Marcus Vinicius Barreto Lima, a equipe do Una desenhou, uma a uma, todas as peças da estrutura. Eles calcularam os diâmetros, projetaram os encaixes e indicaram até um método de montagem do telhado. Vale notar que, em geral, vigas, colunas e caibros não se tocam. A ligação entre as madeiras é feita por peças de metal – também desenhadas por eles e confeccionadas pelo próprio pessoal do Carambó. Apesar do traço sofisticado, muitas vezes quando olho pra cima tenho a sensação de estar debaixo daquele telhado caipira da antiga churrasqueira – uma memória muito agradável.
O Pavilhão
O fundo do pavilhão é ocupado por um grande cubo de alvenaria. Completamente solto da estrutura, esse volume abriga a churrasqueira e o forno de pizza. Ainda há espaço para sauna, um banheiro e um pequeno depósito. Pintado de vermelho escuro, o cubo é um dos poucos elementos coloridos do Pavilhão. Na parte central da cobertura fica uma bancada, de tijolo caiado. A peça tem uma cuba de pia e tampo de mármore. Serve como bar e também como mesa de trabalho para churrasqueiros e pizzaiolos.
Na outra ponta, o Pavilhão ultrapassa a linha do arrimo e avança sobre o pasto. O volume coberto parece solto no ar. O piso leva tábuas de ipê, como um deck. Essa parte da construção se apóia num pequeno paralelepípedo de alvenaria, com a mesma cor do cubo. Para quem olha de longe, é uma nova referência na paisagem. O traçado reto do Pavilhão, flutuando sobre o pasto, reforça a sensação de declividade do terreno. Valoriza a velha montanha da fazenda.
Madeira
Prego, martelo e ripas de ipê. O fechamento do pavilhão é outro traço impressionante do projeto. Tudo se baseia em grandes ripados. Alguns fixos, outros móveis. A face interna é revestida com vidro. Surge então um ambiente ao mesmo tempo claro e protegido. As ripas de ipê filtram a luz, barram o sol direto e o vidro segura o vento forte. Quem está dentro do Pavilhão não perde a vista, já que o espaço entre as ripas permite uma boa leitura da paisagem.
As peças de madeira trazem mobilidade ao Pavilhão. Os ripados funcionam como grandes portas, que correm sobre rodinhas. Esse movimento aumenta ou diminui a entrada de luz e de vento, ajudando no controle da temperatura. A frente do Pavilhão também pode ser aberta em direção ao pasto. Ali, duas placas funcionam como portas giratórias. Por tudo isto, o mesmo lugar pode ser aproveitado de várias maneiras: pizza com vinho nas noites frias, ou churrasco com cerveja nos dias de sol.
Os muros
Com o projeto do Pavilhão, os muros de pedra da fazenda deixaram de ser meros arrimos, encostados no barranco. Foi quando os arquitetos lançaram a pergunta: será possível fazer muros altos e retos, sem nenhum tipo de apoio?
Só depois de alguns testes meu pai teve certeza: não só era possível fazer os muros soltos, como eles ficariam lindos. Assim, além de acolher os velhos arrimos do entorno da casa, o projeto do Pavilhão propôs a construção de novos muros. E o mais bonito é que os novos volumes de pedra sugerem uma continuidade, um desdobramento dos antigos. Para quem olha pela primeira vez não é fácil dizer qual parte foi erguida primeiro. Apesar de robustos e pesados, os novos muros não têm função estrutural. Assim como o cubo, ficam soltos do telhado.
O pátio
Os maiores muros do projeto dão forma a um pátio que fica atrás do pavilhão. Um ambiente reservado sugerido pelos arquitetos e totalmente novo para o lugar.
Com dois metros e vinte de altura e duas grandes janelas, as paredes indicam novos pontos de vista para a fazenda. As duas aberturas funcionam como molduras da paisagem, que destacam determinados lugares. Os topos das colinas também ganham destaque sobre o traço quase reto da muralha. Antes, esta vista do “fundo” era praticamente ignorada. O espaço abriga ainda um espelho d’água e um flamboyant. A árvore também fazia parte da natureza local. Assim como as pedras, ela foi transplantada do pasto, diretamente para o pátio.
As piscinas
As duas piscinas cortam a grande área aberta ao lado do Pavilhão. Ambas têm revestimento de vinil azul escuro, confeccionado especialmente para o projeto. As bordas foram feitas com granito apicoado. São duas peças coladas, no formato de L. Com este desenho, o vinil azul só aparece dentro d’água, o que dá a impressão de uma cor infinita – sem linhas ou rejuntes de uma piscina de pastilha.
O terreiro
O piso de tijolos lembra um grande terreiro que ocupa quase todo o espaço do projeto. Um elemento de ligação, de integração entre as partes. Aliás, os tijolos também foram produzidos no Carambó, numa pequena olaria artesanal.
O novo olhar
O Pavilhão mudou profundamente a paisagem e o dia-a-dia da fazenda. Além de sugerir novos programas e usos, o projeto despertou nas pessoas um novo olhar. O Pavilhão renovou as árvores cansadas, as curvas antigas, as matas caladas, o pasto esquecido. Trouxe para todos uma nova percepção de tudo o que sempre esteve, de tudo o que sempre existiu.
A análise:
Com esta obra podemos perceber a preocupação dos autores em desenvolver uma arquitetura - ainda que moderna, mas adequada ao local de inserção. Nada de monumentalismos desnecessários, mas sim apenas a essência do lugar.
A implantação privilegiada e a sensibilidade de criar espaços não apenas de permanência, mas sim de contemplação, criam neste projeto a sensibilidade que todo bom projeto de arquitura deveria ter.
terça-feira, 24 de novembro de 2009
Intervenções monumentais
Parque Flamengo – Rio de Janeiro – RJ
Arquitetos: Afonso Reidy e Roberto Burle Marx
Afonso Reidy um arquiteto brasileiro considerado um dos pioneiros na introdução da arquitetura moderna no país.
Parque do Ibirapuera – São Paulo – SP
Arquiteto: Oscar Niemeyer
Biografia de Oscar Niemayer.
Oscar Niemeyer é um arquiteto brasileiro, considerado um dos nomes mais influentes na Arquitetura Moderna internacional. Foi pioneiro na exploração das possibilidades construtivas e plásticas do concreto armado. A biografia de Oscar Niemeyer é profundamente marcada por idealismos.
A criação constante de novas formas arquitetônicas - em colunas, fachadas, coberturas, arcabouços estruturais ou vãos espaciais - marcou crescentemente o repertório de Niemeyer. Configurou-se uma linguagem pessoal inconfundível, cuja sintaxe foi estruturada pela leveza arquitetônica, pelos grandes vãos e pela forma-estrutura, onde se integram estabilidade e estética.
Ponte do JK – Brasília – DF
Alexandre Chan
Gustavo Penna Arquiteto & Associados
O Parque Ecológico Promotor Francisco Lins do Rego, implantado na Pampulha, é projeto dos arquitetos Gustavo Penna, Álvaro Hardy, o Veveco, e Mariza Machado Coelho. Foi inaugurado em 2004 com cerca de 300 mil m² que, juntamente ao Jardim Zoológico e ao Jardim Botânico, formam a segunda maior área verde da cidade.
Implantado em uma ilha artificial formada por resíduos que, vindos dos córregos que formam a lagoa, sedimentaram-se em seu fundo dando origem à ilha da Ressaca. O parque é setorizado em cinco setores: esplanada, área reflorestada, área alagada, reserva de uso restrito e enseada. Nas áreas livres predominam árvores e gramas (não há canteiros) e há o mínimo de construções. A principal edificação, o centro de apoio, é composta por um volume branco de desenho conciso, ao qual se anexa uma varanda, com marquise apoiada em delgados pilares arredondados. O centro abriga a administração e possui um pequeno auditório.
Gustavo Penna Arquiteto & Associados
MMBB
Desenvolvida em um seminário para projetos que propunham a inserção no contexto urbano da cidade, a Estação Coimbra foi criada para integrar diferentes meios de transporte: metrô, ônibus, trem e um estacionamento para automóveis. A construção ocuparia terrenos em ambas as margens do rio, com uma ponte entre elas, recoberta de material translúcido, proporcionando um novo marco visual na cidade. Possuindo uma instalação comercial e serviços abertos 24 horas, proporciona um importante ponto de encontro para a população.
O projeto é um empreendimento de grande escala que não fere o centro histórico. A intervenção mostra a monumentalidade em forma horizontal, evitando uma interferência na paisagem urbana.
MMBB
MMBB Arquitetos iniciou suas atividades em 1990. Atualmente formado pelos arquitetos Fernando de Mello Franco, Marta Moreira e Milton Braga. Experiências anteriores acumuladas como colaboradores em empresas brasileiras e estrangeiras foram reunidas em uma organização comum, consolidando uma atuação profissional abrangente que tem se destacado pelo desenvolvimento de projetos públicos e institucionais na área de edificações e urbanismo.
Os projetos, realizados na forma de diversas associações e colaborações com diferentes arquitetos e empresas de engenharia consultiva, tem possibilitado a estruturação de uma atividade multidisciplinar necessária à abrangência e complexidade dos trabalhos realizados.
A parceria com o Arquiteto Paulo Mendes da Rocha, por sua vez, oferece a oportunidade de desenvolvimento de projetos de grande porte para órgãos institucionais e de governo, destinados para atividades culturais, educacionais, representativas e de serviços.
A preocupação de uma postura reflexiva e crítica em sua atuação conduz à expansão das atividades do MMBB Arquitetos para o âmbito acadêmico e cultural. Seus sócios exercem uma produção paralela na participação e/ou organização de eventos culturais, exposições, bienais, assim como desenvolvem uma atividade acadêmica, tanto na docência como na pesquisa.
Passeio do Gasômetro – Porto Alegre – RS.
31.500 m²
Arquitetos: Roberto Behar, Rosario Marquardt, Carlos Eduardo Comas e Glenio Vianna Bohrer.
Os rios sempre foram um ponto de grande importância nas cidades Brasileiras. Eram eles que, na maioria das vezes, eram responsáveis pelo desenvolvimento das cidades, tendo sua utilização apenas funcional: como fonte de abastecimento de água e como meio de transporte. Mas o rio dificilmente é incorporado como valor natural ao urbanismo das cidades. Essa cena aconteceu com Porto Alegre, mas atualmente estão sendo desenvolvidos projetos para revitalização das áreas próximas ao Rio Guaíba.
A proposta do Passeio do Gasômetro planeja um caminho de 500 m de extensão, junto ao prédio da antiga usina, hoje tombada como patrimônio Histórico e utilizada como centro cultural.
Os colaboradores no Projeto são, a Secretaria do Planejamento Municipal de Porto Alegre, o Programa de Pesquisa e Pós-Graduação em Arquitetura da UFRGS e os arquitetos e professores convidados da Universidade de Miami: Rosario Marquardt e Roberto Behar.
No projeto pretende-se constituir um novo portal para a cidade com a criação de caminhos nas margens do Rio Guaíba, com o plantio de milhares de Palmeiras levando a áreas de convivência, escadas barrocas e espaços flutuantes sobre o rio.
A intervenção prevê a utilização de equipamentos urbanos lembrando objetos domésticos para educar as pessoas a utilizar os bens naturais da cidade.
Biografia Roberto Behar e Rosário Marquart
Os arquitetos são mais conhecidos por suas "intervenções" no Miami Design District. Nascidos na Argentina, ambos são formados em Arquitetura pela Universidad Nacional de Rosario. Além disso, Rosário tem uma licenciatura em direção teatro de fantoches e Roberto estudou no Instituto de Arquitetura e Urbanismo, em Nova York. Juntos, eles também são beneficiários do Sul da Flórida 2001 Consórcio Cultural Artes Visuais e Media Award. Eles têm aulas nos Estados Unidos, Suíça, Itália, Brasil e Argentina, e a sua obra pertence a coleções particulares nos Estados Unidos, América Latina e Europa. Eles são atualmente Professores na Universidade de Miami, Flórida.
Parque da Juventude – São Paulo – SP
240.000 m²
Arquitetos: Rosa Grena Kliass Arquitetura Paisagística Planejamento de Projetos.
São Paulo é uma das cidades mais densas do mundo e com menos vegetação do Brasil. A criação de Praças e Parques é uma ação necessária, principalmente nas áreas mais pobres como acontece com o Parque da Juventude.
A maior prisão da América do Sul, o Carindiru, foi desativada e com isso foi feito um concurso para o projeto de paisagismo para a área. O projeto construído foi feito pela equipe comandada pela arquiteta Rosa Kliass.
O parque ocupará 240.000 m² da Zona Norte de São Paulo, criando um conjunto com o Paque Central e o Parque dos esportes. No último, as quadras de esportes ladeiam uma alameda arborizada e pavimentada que uni todo o complexo. Um secundário leva as áreas de estar e a recreação infantil.
Ao centro a vegetação cultivada se mescla a existente. Novas estruturas foram acrescentadas aos prédios antigos permanecendo traços da antiga ocupação. Passarelas de concreto e aço compõem a paisagem indicando o caminho.
O parque atende a população mais pobre, celebrando o novo uso da área sem esquecer a antiga ocupação do local.
Biografia Rosa Grena Kliass
Rosa Grena Kliass é uma arquiteta-paisagista brasileira, considerada uma das mais importantes na história do Paisagismo brasileiro moderno e contemporâneo. Entre suas obras mais significativas estão a reforma do Vale do Anhangabaú e a obra mencionada acima.
Rosa Kliass formou-se pela Faculdade de Arquitetura e Urbanismo da Universidade de São Paulo (FAUUSP) em 1955, tendo estabelecido desde então prática profissional ligada predominantemente à arquitetura paisagística, sendo ganhadora de inúmeros prêmios nesta área. Sagrou-se também como consultora de diversos órgãos estatais, autora de vários trabalhos publicados no país e no exterior.
Seu trabalho teórico também possui certa relevância, sendo autora do livro Parques urbanos de São Paulo, desenvolvido a partir do tema de sua dissertação de mestrado, defendida em 1989 na FAUUSP. É fundadora e ex-presidente da Associação Brasileira de Arquitetos Paisagistas (ABAP).
Acad.: Cinthya Ávila, Francieli Gandini
MUSEU DE MICROBIOLOGIA
Marcio Kogan
A estética e os princípios defendidos por Le Corbusier se fazem sentir no projeto do Pedregulho, no cuidado com as tecnologias aplicadas na construção, na economia de meios utilizados e nas preocupações funcionais estreitamente relacionadas às soluções formais: controle da luz e da ventilação, facilidade de circulação. Se a inspiração teórica e o método são tributários do programa corbusiano, o vocabulário plástico empregado beneficia-se das soluções de para o conjunto da Pampulha em Belo Horizonte: a retomada de arcos e abóbadas, as linhas curvas e os desenhos ondulantes. O Conjunto Habitacional Pedregulho abriga blocos residenciais e áreas de serviços comuns: jardim-de-infância, maternal, berçário, escola primária, mercado, lavanderia, centro sanitário, quadras esportivas, ginásios, piscina, vestiários e centro comercial. Na concepção arquitetônica do complexo, com 328 unidades, cada obra é definida por um volume simples, integrado a um conjunto mais amplo, onde a forma indica a diferença de funções. A intenção de manter a vista da baía de Guanabara para todos os apartamentos leva Reidy a projetar uma grande construção sobre pilotis. Os pilotis de alturas variáveis constituem outra solução original empregada em função dos desníveis do solo. A peça-chave de todo o conjunto é o grande edifício construído no alto, de planta serpenteada, que acompanha as condições naturais do terreno. Tal modelo de planta foi usado pela primeira vez no Pavilhão do Massachussetts Institute of Technology - MIT, Cambridge, Estados Unidos, construído pelo finlandês Alvar Aalto, entre 1947 e 1949, mas Reidy afirma não ter tido notícias desse projeto à época da criação do Pedregulho.
O conjunto do Pedregulho traz em sua concepção os preceitos urbanísticos do Ciam, revelando de forma acabada a relação entre habitação social, modernização, educação popular e transformação da sociedade, objetivos que nos nossos dias são postos em questão.
Márcio Kogan formou-se no Mackenzie em 1977, foi premiado quatro vezes pelo IAB e indicado ao World Architecture Awards, o Oscar da arquitetura. Fã de Ingmar Bergman e Federico Fellini, estudou cinema até os 30 anos, conquistando uma peculiar sensibilidade de olhar o mundo.
Inaugurado no início de 2002, o primeiro Museu de Microbiologia do país fica dentro do Instituto Butantan, em São Paulo. Seu idealizador e presidente da Fundação Butantan, o renomado médico-químico Isaías Raw, convidou o arquiteto paulista Márcio Kogan para desenhá-lo.
Construído com verba escassa, o pequeno volume que abriga o museu ocupa o esqueleto de um refeitório desativado, construído nos anos 1970. Cercado por mata nativa e distante dos outros blocos do instituto, o museu teve seu desenho limitado pela antiga construção, que possuía algumas características modernas, como grandes panos de vidro, estrutura modulada de concreto e pérgula. No entanto, isso não prejudicou o resultado final, cuja qualidade foi premiada mais de uma vez pelo IAB-SP e pela Asbea.
O arquiteto Márcio Kogan, um purista conhecido pelo requinte de seus projetos, sensibilizou-se com o programa e fez (invisíveis) concessões, devido à relativa penúria do orçamento: “O desenho da planta, com aqueles ângulos, eu jamais faria, mas tive de manter”, diz. Diante da ruína de concreto, Kogan realizou poucas e precisas modificações.
O volume foi “envelopado” por um ripado de ipê natural, criando uma segunda pele para o edifício.
Outro ripado, mais baixo e mais escuro do que o primeiro (em ipê-tabaco), limita um pátio interno com piso de mosaico português branco, no meio do bosque natural. Os caixilhos foram trocados e o setor de ambientes herméticos foi fechado com alvenaria de massa grossa desempenada pintada de branco. A qualidade do projeto está justamente no contraste do peso e da opacidade do volume branco com a leveza e a transparência do rendilhado de madeira. O programa tem três espaços principais: exposições permanentes, laboratório e auditório. No primeiro, o maior deles, estão dispostos modelos tridimensionais de bactérias, vírus e protozoários, ampliados em acrílico. Ali os visitantes também podem ver, por exemplo, uma maquete do vírus da aids. Em alguns detalhes do projeto o arquiteto fez referências às atividades do museu, como no piso de granilite, que possui pequenos desenhos de bactérias.
Mas o que mais chama a atenção é um grande painel de vidro iluminado (por trás) onde foi impresso o código genético da Xylella fastidiosa (a praga da amarelinha, que ataca plantações de citros), primeiro patógeno vegetal que teve DNA seqüenciado no Brasil - um dos maiores feitos científicos brasileiros, com repercussão mundial.
O segundo espaço é considerado o coração do museu. Trata-se do laboratório, montado com verba da Fapesp (fundação estadual de apoio à pesquisa) e destinado a alunos do ensino médio. Com o auxílio de monitores, os secundaristas fazem os experimentos - em equipamentos a que difícilmente teriam acesso - e retornam, em outro dia, para ver os resultados. O laboratório pode receber 15 estudantes simultaneamente.
Carla Juaçaba/Mário Fraga
Localizada em Itanhanguá, zona oeste do Rio de Janeiro, esta casa-ateliê foi desenhada por Carla Juaçaba e Mário Fraga. O volume único, que ocupa um terreno acidentado e coberto por densa vegetação , fica ligeiramente elevado do solo.
A estratégia de implantação criou um pequeno platô , com auxílio de um corte no terreno e de um grande muro de pedra na porção frontal da construção. O volume único é escalonado conforme o perfil natural do terreno e tem programa dividido em duas partes bem definidas. Na porção frontal, orientada para o norte, fica o ateliê de Mário Fraga - artista plástico com formação de arquiteto -, que, com pé-direito duplo, é iluminado por grandes aberturas voltadas para o nascente e por uma clarabóia. Na parte sul está a residência , que, por sua vez, está dividida em dois pavimentos: embaixo ficam o lavabo, a cozinha e a sala, que se estendem por um espaço contínuo interligado ao ateliê; no piso superior encontram-se suíte e varanda coberta.
O volume está estruturado por perfis metálicos com rígida modulação de dez pilares, alinhados em dois eixos paralelos. É coberto por laje armada sobre telha de alumínio galvanizado, que, por sua vez, é protegida por uma camada de cinco centímetros de argila expandida, material que melhora o condicionamento termoacústico da construção. Além do muro de arrimo, a pedra também aparece na cozinha. Ali, dispostas em prateleiras, as pedras brutas retiradas do próprio terreno também possuem função de sustentação. O material, que aqui desempenha papel coadjuvante, foi protagonista em outra obra de Carla, uma casa em Nova Friburgo, RJ.
Os atores principais deste projeto são os fechamentos , ora de correr, ora pivotantes. Grandes caixilhos, da casa e do ateliê, são feitos de taquara costurada em estrutura de aço. No ateliê, além de correr, eles são pivotantes, funcionando também como brises. Painéis móveis estruturados em MDF duplo aparecem na interface entre a casa e o local de trabalho do artista plástico. As paredes divisórias internas são de argamassa armada e as externas de tijolo - com emboço feito de saibro e pó-xadrez. Assim como na casa de Nova Friburgo, aqui a relação com a vegetação circundante é intensa .
Os pavilhões contemporâneos de Carla são uma bela resposta de ocupação do meio natural brasileiro, misturando racionalismo, como, por exemplo, a estrutura e cobertura, com elementos nativos, como a taquara. São revelações tropicais.
ANGELO BUCCI, FERNANDO DE MELLO FRANCO, MARTA MOREIRA E MILTON BRAGA, MMBB ARQUITETOS
CLÍNICA DE ODONTOLOGIA
A Clínica de Odontologia (Orlândia, 2000/2002), tem apenas 180 m² construídos, um caixote de concreto e vidro suspenso do solo. Implantada em lote de esquina, a clínica odontológica é favorecida pela situação urbana. Além disso, a percepção é facilitada pela simplicidade do volume de planta retangular, de 7 m x 21,5 m, construído junto aos alinhamentos. No entanto, a simplicidade pára por aí: os elementos da construção, desde a fôrma do concreto até a caixilharia, são tratados com extrema delicadeza e requinte.
O projeto parece ao olhar desatento sustentado por quatro pilares locados dois a dois nos lados menores do volume, embutidos em paredes de concreto que não tocam o chão nem o teto. A sala de entrada, de onde partem os dois corredores, fica em um dos extremos, contíguo ao alpendre externo coberto e protegido pela empena lateral.
Para abrigar o consultório, foi criada uma laje a 1,25m acima da rua, e o laboratório foi situado no subsolo, escavado com igual cota de 1,25m, abaixo do nível do solo.
Os fechamentos de vidro oferecem transparência. Uma fina estrutura de concreto envolve o bloco de vidro, funcionando como cobertura e, ao ultrapassar lateralmente os limites do bloco, enseja a criação de empenas que delimitam pórticos nas extremidades da construção, contribuindo para a circulação de ar e leveza da arquitetura. A fachada de vidro submetida a insolação desfavorável dói guarnecida de um brise soleil de madeira e um jardim foi plantado em todo o perímetro da construção.
A proteção solar é potencializada por painéis móveis de ripado de madeira estruturados em peças metálicas, uma reminiscência longínqua das treliças de madeira da arquitetura colonial.
NEOGAMA BBH
Em 2004, a atual Neogama BBH mudou-se da zona sul para a oeste, e os arquitetos voltaram a confrontar o “programa sofisticado”, como define Vainer, com as potencialidades do espaço de origem fabril.
A nova agência passou a ocupar parte das instalações da extinta fábrica da Bic. O programa foi setorizado em três galpões contíguos - o maior é uma nova edificação e os dois menores, adaptados de construções existentes. Com fechamentos externos executados em painéis de telha metálica pintada, o novo bloco tem dois pavimentos, além de mezanino, e abriga os principais setores operacio- nais, entre áreas administrativas, de criação, atendimento e produção.
O desenho de sua cobertura é um dos destaques do projeto. “A idéia foi suavizar ao máximo os detalhes e o dimensionamento da treliça metálica”, estruturada por barras chatas de pequena espessura, complementa Vainer.
Também a iluminação natural proveniente da extensa cobertura qualifica os espaços internos.
Assim, a linguagem arquitetônica da antiga sede foi mantida, sobretudo em função do reaproveitamento de boa parte dos sistemas metálicos que delimitam e estruturam as salas envidraçadas.
O novo layout se destaca pela considerável soma de área aberta, o que amplia o contato visual entre todos os departamentos.
ITAMBÉ
Localizada na Vila Mariana, bairro da zona sul de São Paulo, a edificação foi construída para abrigar a sede de um grupo de empresas do ramo de administração condominial.
O projeto com subsolo, térreo, dois pavimentos-tipo e cobertura, destaca-se pelas soluções construtivas. Entre elas estão à estrutura mista, de concreto e aço, e as lajes do tipo steel deck.
A empresa solicitou uma construção simples e barata. A estrutura é metálica, com pilares de seção H.
O subsolo é ocupado por uma garagem, em pilotis, com luz e ventilação naturais. No térreo, a caixilharia junto à rua foi recuada, criando um terraço aberto, utilizado como área de convivência dos funcionários.
Na área fechada do térreo ficam o recrutamento e a contabilidade. Nos dois pavimentos-tipos estão escritórios panorâmicos e, nas extremidades menores, salas de reuniões e da gerência. A direção do grupo ocupa a cobertura, ladeada por um terraço-jardim.
No centro do volume, um vazio é iluminado por sheds e vidros planos. Duas torres pintadas de vermelho que abrigam circulação vertical (escadas e elevadores) e espaços servidores (copas, sanitários, depósitos) preenchem parte do vão central.
A fachada frontal é protegida por brises metálicos horizontais.